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Diagnósticos de câncer de esôfago devem crescer 80% na população mundial até 2050, segundo OMS
Projeção da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), aponta que o número de notificações anuais de câncer de esôfago na população mundial pode saltar dos atuais 511 mil para 922 mil em 2050, um aumento de 80%. O cenário é considerado alarmante, visto que a doença é diagnosticada em fases mais avançadas – realidade de quatro a cada dez casos.
Assim como outros tipos de tumores, o de esôfago ocorre quando as células da região sofrem alterações no DNA, se multiplicam de forma descontrolada, o que corrobora para o aparecimento de células malignas. No caso específico do câncer de esôfago, as evidências associam o surgimento da doença à irritação crônica deste órgão, a partir de causas como tabagismo, obesidade, etilismo e hábito de consumir bebidas líquidas em altas temperaturas. Outro fator de risco, é a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago.
No início a doença é assintomática, o que explica o fato de muitos diagnósticos serem tardios, e à medida em que ela vai se expandindo, o paciente tem disfagia, dor para engolir. Isso acontece pois como o esôfago é um tubo muscular oco, localizado entre a traqueia e a coluna vertebral e que conecta a garganta ao estômago, logo é o canal por onde a comida passa. Em caso de câncer na região, esse processo de deglutição, obviamente, fica mais doloroso. A consequência desse problema é a perda de peso, já que o paciente pode começar a evitar alimentos, como forma de fugir do incômodo.
Aqueles com suspeita de câncer de esôfago e que apresentam sintomas como disfagia seguida de perda de peso, por exemplo, serão submetidos a uma endoscopia digestiva alta, exame que por meio do endoscópio - tubo fino com microcâmera em sua extremidade – consegue visualizar a parede do esôfago, estômago e duodeno. Caso sejam encontrados tumores, são feitas várias biópsias da lesão no momento da endoscopia – as chamadas biópsias endoscópicas - para se chegar ao diagnóstico definitivo. Em seguida o médico fará o estadiamento, ou seja, vai verificar por meio de exames complementares qual é a extensão da enfermidade: se está localizada apenas no esôfago, quando a probabilidade de cura pode ser maior; se já se espalhou pelos linfonodos regionais ou para órgãos adjacentes. Nessa etapa são feitos procedimentos como tomografia computadorizada de tórax e abdômen superior. Em algumas situações o PET-CT, capaz de detectar tumores em todos os lugares do corpo, também é solicitado.
Tratamento e prevenção
O tratamento do câncer de esôfago é multidisciplinar. Isso porque a doença, mesmo em estadios iniciais, é potencialmente sistêmica, ou seja, se espalha para outros órgãos com facilidade. Em estadios muito iniciais, apenas a cirurgia, com a remoção total ou parcial do tumor, basta. Os estadios II e III, por sua vez, demandam tratamento combinado com quimioterapia associada à radioterapia e cirurgia, o que na oncologia chamamos de trimodalidade de tratamento.
Quanto às probabilidades de cura, infelizmente elas são pequenas, porém com o avanço dos estudos sobre a imunoterapia – que trouxe uma mudança de paradigma no tratamento – o tempo de vida dos pacientes tem aumentado estatisticamente, com melhora da qualidade de vida.
Sobre a prevenção, é muito fácil saber como evitar o tumor quando se conhece os fatores de risco. Por isso é fundamental eliminar o tabagismo, diminuir ou cessar o etilismo, evitar bebidas muito quentes, além da prática regular de atividade física, essencial para manter o Índice de Massa Corporal (IMC) nos níveis adequados. Já para aqueles com refluxo gastroesofágico, recomenda-se buscar a ajuda de um gastroenterologista para tratar o problema de forma medicamentosa ou por meio de cirurgia em algumas situações.
Alexandre Chiari - Oncologista